quinta-feira, 23 de março de 2006

Reino da Sabedoria

Num dos meus encontros esporádicos que tive com este grandioso mestre do saber, da iluminação, da razão e portador da verdade total foi-me impossível não lhe implorar que me cedesse alguns dos seus belos textos da majestosa obra “Eu sou um Sábio ou O Testamento da Verdade”.
Fredericus como ser supremo, iluminado que é respondeu-me: Meu filho, seria uma barbaridade da minha parte não poderes aceder ao poder infinito da razão testemunhada na minha obra, por isso é de bom grado que a cedo para poderes elucidar mentes, abrires caminho para que se atinja o cume da sabedoria. A verdade não se atinge se escolhermos andar de auto-estrada, mas sim se percorrermos os caminhos sinuosos enlameados que nos conduzem aos campos onde se cultiva as batatas e beterrabas.
Que Mestre…

“Reino da Sabedoria, 22.03.2006

Eis-me de novo diante dos meus ilustres leitores. Depois de muito reflectir acerca da pertinência da publicação dos meus profundos pensamentos, cheguei à conclusão que não poderia privar a humanidade do fruto do meu magnífico trabalho intelectual. Não foi fácil chegar ao Patamar de Sabedoria em que me encontro. Mas, passemos ao que importa. O assunto em análise é, decididamente, a estética. Ora, não existe nada que me enerve mais. O que é a estética? O que é a arte? Será que alguém sabe? Na minha opinião, actualmente, as pessoas enchem-se de vaidade quando falam de arte e estética. Todos os seres humanos se consideram artistas. Ridículo, sem dúvida! A prova desta triste situação é reflectirmos acerca do legado “pseudo-estético” de um tal Pablo Picasso. Quem não consegue fazer o que ele fez? Quem não consegue atirar uns bocados de tinta para uma tela… e pronto? E isto para nem falar num Pollock ou Malévitch. Nem sequer aprenderam a desenhar. Mas a verdade é que as pessoas os admiram. A “quase totalidade” da humanidade está, de facto, adormecida na escravidão da ignorância. Por isso, ouçam-me bem, caríssimos leitores! A estética de forma alguma é um dos saberes fundamentais decorrentes da experiência humana. A arte não serve para nada. Ainda é pior que a filosofia! São actividades próprias de uns pavões que se julgam superiores ao comum dos mortais. Uns mandriões… é o que eles são, artistas e filósofos. Nunca produziram nada de útil. Se dependesse de mim… Em suma, continuo a opinar que a agricultura é mais útil para a humanidade. Pelo menos ensina-nos a plantar beterrabas e a colhê-las no tempo certo.
Por hoje chega de iluminação! Por isso reflictam bem, não pelas vossas próprias cabeças, mas pela minha, pois muito pensei para vos dizer isto. A prova de que vos apresento a verdade total é esta: estou certo de que no futuro, quando chegarmos a outros planetas e a novas galáxias, de nada vos servirão a arte e a filosofia. Aí, meus caros, se não tiverem as vossas beterrabinhas… alimentem-se então de pinturas, música, literatura, etc. E… bom proveito.”

FREDERICUS AUSTRALOPITECUS (Agricultor de Ideias, séc. XXI),
Eu sou um Sábio ou O Testamento da Verdade, cap. XXII, § 1223

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