terça-feira, 28 de abril de 2009

EXPOSIÇÃO DE ARTE “MULHER, ROSTOS DE VIDA”

A Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa, teve a honra de apresentar a exposição Colectiva de Arte - “Mulher, Rostos de Vida”.
Partindo do pressuposto de que a educação do ser humano não deve ficar confinada aos espaços físicos das instituições educativas e, de acordo com um dos onjectivos desta instituição, que é o de promover uma formação abrangente e pluridimensional nos campos científicos, cultural, moral e ético e artistico, a EPM acolhe regularmente artistas dos vários domínios de expressão.
A educação artística tem um papel chave no exercício de uma pedagogia reflexiva, através da qual se forma o olhar como uma janela para o mundo e para a sociedade.
A ideia de organizar esta exposição, partiu de Mankew, que pretendeu mostrar, não só a sua experiência como artista, mas também, a sua experiência como “mestre” e fonte de inspiração de artistas em início de carreira.
“Mulher, Rostos de Vida”, é uma exposição que se enquadra nas comemorações do Dia Internacional da Mulher, retratando o dia-a-dia daquelas que, com o seu labor, e numa dádiva constante de vida, constroem o futuro de Moçambique.

sábado, 25 de abril de 2009

Sarau comemorativo do 25 de Abril



À Comunidade Escolar:

O Grupo Disciplinar de História e o Centro de Formação, com a colaboração dos Grupos Disciplinares de Português, Educação Musical e Educação Visual e Tecnológica, irão realizar um sarau comemorativo da efeméride relativa ao 25 de Abril de 1974, dia 27 de Abril (2.ª feira), pelas 14:00, no Auditório Carlos Paredes.
Da actividade, constará o lançamento do livro “Palavras de Abril – Antologia de Poesia de Resistência”, selecção de Teresa Noronha, que será a fonte de inspiração para os outros momentos do sarau, concretamente a declamação de um poema de cada um dos seis capítulos do livro, duas canções de intervenção e quatro testemunhos orais de pessoas que viveram o 25 de Abril (duas em Portugal e as outras em Moçambique).

Contamos com a vossa presença!

Obrigado

GDH e CF

As 24 horas do 25 de Abril de 1974

Aproximavam-se a passos largos as primeiras frequências. “História da Filosofia Medieval” era a primeira! Dia 25 de Abril. Corria o ano de 1974. Coimbra. Os estudantes, agora, dormiam pouco. Era preciso fazer o máximo de frequências para dispensar dos exames. São 5:15 da manhã. É de noite, ainda! Maquinalmente, ligo o rádio! Uma voz pausada e grave faz-me parar! “Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. Atenção elementos das forças militarizadas e policiais. Uma vez que as Forças Armadas decidiram tomar a seu cargo a presente situação, será considerado delito grave qualquer oposição das forças militarizadas e policiais às unidades militares que cercam a cidade de Lisboa. A não obediência a este aviso poderá provocar um inútil derramamento de sangue cuja responsabilidade lhes será inteiramente atribuída. Deverão, por conseguinte, conservar-se dentro dos seus quartéis até receberem ordens do Movimento das Forças Armadas. Os comandos das forças militarizadas e policiais serão severamente responsabilizados caso incitem os seus subordinados à luta armada.” Mas que se passa? Estas palavras criaram em mim um estado de alerta, de angústia! “Posto de comando do Movimento das Forças Armadas?” Mas quem são? “Serão os mesmos das “Caldas”? Serão da “situação”? "inútil derramamento de sangue?”, “unidades militares que cercam a cidade de Lisboa”! Há um levantamento em Lisboa, não há dúvidas! Mas, quem estará por detrás deste movimento militar, um tal MFA? Mas, quem são?
O local usual de encontro, antes de rumar a Faculdade, era o café “Reduto”, na avenida Fernão de Magalhães. Quando aí cheguei, as perguntas eram as mesmas. E se for um golpe dos “ultras” contra o Marcelo? Será da esquerda militar? “O golpe das Caldas” ainda não estava bem explicado e o livro do General António de Spínola, “ Portugal e o Futuro”, era lido às escondidas e passado de mão em mão, porque a PIDE/DGS tinha-os comprado quase todos! Nunca se sabia quem nos estava a ouvir ou ver. O medo da PIDE/DGS era muito!
No “Largo das Mamudas”, entre “as Letras”, “os Direitos” e a Biblioteca Geral, os estudantes começavam a juntar-se e a comentar, sem ninguém avançar com o que quer que fosse. Todos queríamos que fossem os militares de esquerda e os “milicianos” os heróis desta iniciativa, mas … e se não fossem? A angústia, a incerteza, o querer gritar “liberdade”, mas o medo de ser imediatamente detido, detinha-nos … os minutos passavam e as notícias eram vagas. Que se passaria efectivamente em Lisboa? O Governo? Como estava a reagir? A PIDE/DGS estava quieta? A Legião Portuguesa estava já em acção? A GNR? Tudo isto era falado, comentado em voz baixa, mas, por volta das 11:00 horas, um comunicado do MFA faz toda a gente gritar de alegria e os primeiros choros de alegria, os primeiros abraços e gritos se soltam. Alguém já oferece flores a professores que sempre estiveram ao lado da luta dos estudantes. Finalmente! Marcelo Caetano estava cercado, soubemos, no Quartel do Carmo em Lisboa! Forças até agora afectas ao Governo tinham-se passado para o lado dos revoltosos. A fragata “Gago Coutinho”, fundeada no Tejo, tinha-se recusado abrir fogo sobre os revoltosos estacionados no Terreiro do Paço. Mas havia muitas incertezas, ainda! Otelo Saraiva de Carvalho, o cérebro do golpe, estava com dificuldades em fazer crer tratar-se de um golpe a sério. Não era a repetição das “Caldas”! “ Rebenta com as fechaduras do portão, que é para saberem que é a sério!”, comunicou ele ao Salgueiro Maia que não conseguia a rendição no “Carmo”! A população estava a ficar eufórica! Era Primavera! O dia estava radioso! As floristas que carregavam flores para a cidade, começaram a distribuir cravos aos soldados, que sem saber o que fazer com eles, algum se lembrou, e vai de enfeitar o cano da G3 com um cravo! Quem o fez, nunca pensou que essa flor e essa imagem viessem a ter o significado que tiveram!
O dia ia longo e a tarde caminhava para a noite! Eram 18:00 horas e Marcelo Caetano entrega o poder e a rendição do Estado Novo ao General Spínola, que se recusara ser Ministro do Ultramar.
Às 19:50 um novo comunicado do MFA informa a população portuguesa da queda do governo e à 1:30 do dia 26 de Abril um grupo de sete militares, todos com ar de quem o sono os esperava já hà horas, apresentavam-se na televisão, aos portugueses, como a Junta de Salvação Nacional, que tinha como grande missão cumprir o programa do MFA: “Considerando que, ao fim de treze anos de luta em terras do ultramar, o sistema político vigente não conseguiu definir, concreta e objectivamente, uma política ultramarina que conduza à paz entre os Portugueses de todas as raças e credos; Considerando que a definição daquela política só é possivel com o saneamento da actual política interna e das suas instituições, tornando-as, pela via democrática, indiscutidas representantes do Povo Português; Considerando, ainda, que a substituição do sistema político vigente terá de processar-se sem conclusões internas que afectem a paz, o progresso e o bem-estar da Nação: O Movimento das Forças Armadas Portuguesas, na profunda convicção de que interpreta as aspirações e interesses da esmagadora maioria do Povo Português e de que a sua acção se justifica plenamente em nome da salvação da Pátria, fazendo uso da força que lhe é conferida pela Nação através dos seus soldados, proclama e compromete-se a garantir a adopção de medidas ( … ), que entende serem necessárias para a resolução da grande crise nacional que Portugal atravessa.”

Assim, Portugal chegou à Democracia, à Liberdade, iniciando um novo ciclo, uma nova república, permitindo que outros povos, noutros quadrantes, também eles, chegassem à Liberdade de serem eles próprios senhores do seu destino.


(Testemunho de Jorge Pereira, professor de História da EPM-CELP)




O Grupo Disciplinar de História

sexta-feira, 17 de abril de 2009

7 de Abril - Dia da Mulher Moçambicana

Qualquer data comemorativa pretende invocar um acontecimento, ou uma série de acontecimentos que marcaram a vida de um povo ou nação, assim, segundo Declaração do Comité Central da FRELIMO – Dezembro de 1972, o dia 7 de Abril designa-se por dia da Mulher Moçambicana, porque “O Comité Central, sob proposta das províncias e das mulheres moçambicanas, considerou o dia 7 de Abril, data do falecimento da Camarada Josina Machel, responsável dos Assuntos Sociais e chefe da Secção da Mulher Moçambicana no Departamento das Relações Exteriores, como Dia da Mulher Moçambicana, para recordar o exemplo de militarismo e sacrifício revolucionário que a vida da Camarada Josina Machel demonstrou, tanto como militante clandestina sob a ocupação colonial, como no seio do Destacamento Feminino, onde o seu trabalho, pela revolução e pela emancipação da mulher em particular, constitui um exemplo para todos os militantes revolucionários.”
Importa relembrar quem foi Josina Machel, a combatente e militante revolucionária, que constituiu um exemplo da mulher moçambicana emancipada.
Em Março de 1964, após uma tentativa falhada de fuga para a Tanzânia, via Rodésia, a fim de se incorporar na FRELIMO, Josina foi presa pela PIDE. Em 1965, após a sua libertação, conseguiu juntar-se à FRELIMO no exterior.
Militante activa do Destacamento Feminino, operou em Cabo Delgado e Niassa, tendo posteriormente recebido a missão de dirigir a Secção de Assuntos Sociais. Nessa tarefa, participou activamente na organização de orfanatos, de creches e centros sociais.
Em 1970, já bastante doente, prosseguiu a sua actividade, participando na mobilização e consciencialização política das populações, no Norte do país. Veio a falecer em Dar-es-Salaam, a 7 de Abril de 1971.
Existem sem dúvida alguma, diversos tipos de mulheres, umas que curam com o seu amor, outras que aliviam as dores com a sua compaixão, outras que cantam e que escrevem o que a gente sente, outras que nos fazem rir, mas também existem as que deixam tudo para trás e que buscam constantemente uma vida nova, que todos os dias são confrontadas com um novo recomeço, as que são confrontadas com as injustiças, com perdas, as que se submetem a regras muito duras e as que se perguntam qual o seu destino.
Mulheres, mães, companheiras, amigas, empreendedoras, mais um aniversário do 7 de Abril se comemorou. Urge, no entanto, não esquecer que todos os dias devem ser de valorização do papel da Mulher, porque só assim se conseguirá fazer de Moçambique um lugar melhor para se viver.



O Grupo Disciplinar de História

terça-feira, 14 de abril de 2009

Até sempre, Érika...


Eram 17:30h e não conseguias esconder a alegria de mais um dia de aulas terminado. Quase no fim do período, sem testes para fazer, despreocupadamente, como todos os dias, conversaste ainda, mais uns minutos, antes de entrares para a carrinha. Conta-se que até dançaste. Na flor da idade, quinze anos, sonhos do tamanho do universo, da via láctea. Sonhos de amor eterno, de felicidade, de amizades profundas e duradouras. Como todos os dias sentaste-te num lugar próximo de alguém com quem pudesses conversar durante a viagem, trocar piadas, falar de um rapaz giro, cantarolar uma canção. Naquela curva, daquele último dia de Março, ficaram para sempre os teus sonhos. Em menos de um minuto, entraste desprevenida pela morte adentro. Faltam-nos as palavras. Tudo é pequeno perante a imensa incredulidade da tua morte. Quanto tempo até aceitarmos que não te sentarás de novo nas nossas aulas, que não soltarás mais uma gargalhada? Quanto tempo com a tua ausência tão presente?O tempo não apaga da memória aqueles que amamos. O teu rosto estará gravado para sempre, em cada um de nós, em todos os momentos que partilhámos.Uma coisa é certa: o amanhã é uma miragem. A amizade, a vida, há que vivê-la hoje. Dizer todos os dias a quem amamos: gosto de ti!Gostamos de ti, Érika, obrigada pelo que de ti em nós deixaste!
A Comunidade Educativa