quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

A Biblioteca Poeta José Craveirinha













A Escola Portuguesa de Moçambique-Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) acolheu os primeiros alunos no ano lectivo de 1999-2000.
Neste edifício escolar construído de raiz, a Biblioteca emerge como o lugar nuclear na edificação do saber, complementando e aprofundando o trabalho docente desenvolvido na sala de aula.
Ocupando dois pisos, no rés-do-chão (com 46 lugares sentados) e primeiro piso (com 26 lugares sentados), as estantes albergam 8.900 volumes e cerca de mil publicações periódicas, um acervo que pode ser consultado na base de dados, que a documentalista D.Albertina Baloi mantém actualizada.
A benemerência da Fundação Calouste Gulbenkian chegou, inevitavelmente, à Biblioteca da EPM-CELP : ofereceu um excelente núcleo de cultura portuguesa proveniente de uma desactivada Biblioteca Fixa, para além de outras importantes doações que abrangem o melhor da nossa contemporaneidade. Autarquias, universidades e pessoas singulares , estão também entre os mecenas da Biblioteca.
A generosidade é, por vezes, perigosa. É já significativo o número de obras com dedicatórias autografadas pelos autores, transformando-se o livro em objecto de cobiça por parte dos bibliófilos pouco escrupulosos.
Acompanhando as novas tecnologias foram instalados 30 computadores na Biblioteca, instrumentos supletivos para os mais diversos fins educativos e lúdicos.
Em 2002, sob a proposta do signatário, a Comissão Instaladora e o Conselho Pedagógico aprovaram a atribuição do nome do Poeta José Craveirinha para Patrono da Biblioteca, doravante designada Biblioteca Poeta José Craveirinha da EPM-CELP. Quase em simultâneo , foi sugerido ao Conselho Municipal da Cidade de Maputo que fosse atribuído à rua (sem nome) que circunda a EPM-CELP o nome do Poeta. Pouco tempo depois, foi igualmente sugerida a fundação da Casa Museu Poeta José Craveirinha.
Assim, no dia 23 de Novembro de 2002, em vida do Poeta, foi descerrada uma placa comemorativa e afixada uma Acta alusiva ao evento. A sessão foi abrilhantada com uma declamação de poesias , tendo sido publicada uma pequena antologia.
De José Craveirinha, vale a pena reter a essência deste poema :


Fraternidade das Palavras

O céu
É uma m’benga
Onde todos os braços das mamanas
Repisam os bagos de estrelas

Amigos :
As palavras mesmo estranhas
Se tem música verdadeira
Só precisam de quem as toque
Ao mesmo ritmo para serem
Todas irmãs.



E eis que num espasmo
De harmonia como todas as coisas
Palavras rongas e algarvias ganguissam
Neste satanhoco papel
E recombinam em poema.



Será interessante mencionar duas outras valências da Biblioteca Poeta José Craveirinha : uma Secção de Reservados , com 1350 volumes, vocacionada para servir de suporte científico a trabalhos de investigação de natureza vária ; uma Extensão Popular, aberta à população circunvizinha da EPM-CELP, que tem conseguido cativar leitores não obstante a sazonalidade do seu funcionamento.
Em 2005 foi prestada uma singela homenagem a Hans Christian Andersen, a propósito do bicentenário do autor de celebradas obras de literatura infanto-juvenil.
Ao longo dos anos a Biblioteca Poeta José Craveirinha tem publicado diversas brochuras, ressaltando o Boletim Bibliográfico cuja periodicidade é trimestral.
Os docentes que assumiram a direcção da Biblioteca foram os seguintes :
Drª. Manuela Mendes : 1999/2000 a 2001/2002
Drª. Rita Oliveira : 2002/2003
Dr. Hélder Lopes : 2003/2004
Drª. Luísa Almeida : 2004/2005
Dr. Vítor Roque : 2005/2006 a 2006/2007.
A Biblioteca Poeta José Craveirinha continua a cumprir a sua função : promovendo exposições bibliográficas , servindo como sala de estudo e de investigação , como palco de colóquios e palestras ou como disputado espaço para aulas inovadoras.
Mas é igualmente frequentada por muitos jovens que descontraidamente folheiam revistas, com os auriculares no ouvido, em busca de uma dimensão estética entre o ser e o estar. E estudando, é claro.


António Aresta
Coordenador do Centro de Formação



Estas Fotografias são da autoria do Professor Vitor Roque.

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