quarta-feira, 24 de setembro de 2008

25 de Setembro de 1964 - O Início da luta armada

Passaram-se quarenta e quatro anos sobre os acontecimentos que marcaram o início da guerra que, em Moçambique, pôs em confronto as Forças Armadas Portuguesas e a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique).
Guerra Colonial / Luta de Libertação, são duas das designações usadas para esse período histórico que vai de 1964 a 1974. Questões como esta (da designação, por exemplo) tornam difícil a tarefa do historiador. É que há sempre várias versões para narrar o mesmo acontecimento.
Sobre este período há numerosas fontes, das duas partes envolvidas. Umas já podem ser consultadas, outras ainda não, mas já foram produzidos numerosos artigos, livros, filmes e documentários, com depoimentos de quem viveu “na primeira pessoa” esse conflito. Cabe a cada um de nós fazer uma análise cuidada de toda a informação a que tem acesso não esquecendo que primeiro é preciso conhecer as “várias versões” e só depois se tiram as conclusões.
Achamos importante começar por lembrar o contexto histórico que conduziu a esse período tão conturbado, para os povos português e moçambicano, dado que envolveu numerosas mortes, casos de invalidez, perdas materiais avultadas, entre outros aspectos que afectaram a vida económica, social, cultural e política.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial e a aprovação da Carta das Nações Unidas as várias potências coloniais europeias encetaram, de forma mais ou menos pacífica, a via da negociação e da transferência de poderes – o processo de descolonização.
Em Portugal, o Estado Novo de Salazar viu-se obrigado a rever a sua política colonial o que resultou num conjunto de reformas que acabaram por não ter grande impacto em Moçambique. Na prática, visavam sobretudo atenuar as pressões internacionais e calar as vozes que, tanto em Portugal como em Moçambique (e outras colónias), exigiam uma solução para a questão colonial. Salazar, apesar das várias pressões, conseguiu manter uma política isolacionista, profundamente centralizadora e integracionista.
Por toda a África crescia, desde o início da década de cinquenta, o clima anti-colonial. Em Moçambique e outros países africanos, assim como em Portugal e França, formaram-se várias associações de moçambicanos, geralmente ao redor dos mais escolarizados, que exerciam uma grande influência sobre a juventude e grupos socioprofissionais. Da congregação dessas associações surgiu a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), fundada em 25 de Junho de 1962 sob a presidência de Eduardo Mondlane. A estratégia adoptada consistiu em unir todas as forças nacionalistas para lutar pela independência de Moçambique.
Depois de dois anos de preparação político-militar no exterior do território, a Luta Armada de Libertação Nacional teve o início simbólico a 25 de Setembro de 1964, com o ataque, dirigido por Alberto Joaquim Chipande, ao Posto Administrativo de Chai, na província setentrional de Cabo Delgado, acompanhado de uma proclamação solene de desencadeamento da guerra.
O Grupo Disciplinar de História da EPM-CELP

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