Completam-se hoje quarenta e cinco anos sobre os acontecimentos que marcaram o início da guerra que, em Moçambique, pôs em confronto as Forças Armadas Portuguesas e a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique).
Achamos importante começar por lembrar o contexto histórico que conduziu a esse período tão conturbado, para os povos português e moçambicano.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial e a aprovação da Carta das Nações Unidas, as várias potências coloniais europeias encetaram, de forma mais ou menos pacífica, a via da negociação e da transferência de poderes – foi o início do processo de descolonização.
Em Portugal, o Estado Novo de Salazar viu-se obrigado a rever a sua política colonial, o que resultou num conjunto de reformas que acabaram por não ter grande impacto em Moçambique. Na prática, visavam, sobretudo, atenuar as pressões internacionais e calar as vozes que, tanto em Portugal como em Moçambique (e outras colónias), exigiam uma solução para a questão colonial. Salazar, apesar das várias pressões, conseguiu manter uma política isolacionista, profundamente centralizadora e integracionista.
Por toda a África crescia, desde o início da década de cinquenta, o clima anti-colonial. Em Moçambique e outros países africanos, assim como em Portugal e França, formaram-se várias associações de moçambicanos, geralmente ao redor dos mais escolarizados, que exerciam uma grande influência sobre a juventude e grupos socioprofissionais. Da congregação dessas associações surgiu a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), fundada em 25 de Junho de 1962 sob a presidência de Eduardo Mondlane.
A 25 de Setembro de 1962 realizou-se o I Congresso da FRELIMO, que estabeleceu a unidade política e defendeu o princípio da luta armada como a única via possível para alcançar a independência (tentativas anteriores, com base no diálogo, haviam falhado).
Seguiu-se um período de preparação para o desencadear da luta, que incidiu em quatro vertentes - educação, divulgação, diplomacia e preparação político-militar.
Com vista à educação dos quadros, em 1963 foi criado, em Dar-es-Salaam, o Instituto Moçambicano (escola secundária) para acolher os jovens que aí chegavam, muitos deles em fugas organizadas pelo NESAM (Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique). Outros foram colocados no exterior com bolsas de estudo.
Para a divulgação dos objectivos da Frente, foram criados centros no Cairo, Argel e Lusaka. Ainda em 1963, a FRELIMO criou em Dar-es-Salaam o Boletim Informativo (mudou o nome para Boletim Nacional, em Outubro de 1964, e para Voz da Revolução, em Junho de 1965).
A nível da diplomacia, Eduardo Mondlane visitou a União Soviética e a China, ainda em 1963.
Por fim, quanto à preparação político-militar, em Janeiro desse preenchido ano, seguiu para a Argélia o primeiro contingente de moçambicanos, recrutados, sobretudo, nas plantações de sisal da Tanzânia. Este grupo, constituído por 50 homens, foi chefiado por Filipe Samuel Magaia. Em meados desse mesmo ano, seguiu um segundo grupo, oriundo do interior, chefiado por Samora Machel. Em Maio de 1963, foram enviados pequenos grupos para a URSS e China, com vista a receberem formação militar. Com o regresso do primeiro grupo, em finais de 1963, foram criados campos de treino na Tanzânia.
Esta intensa preparação político militar levou ao desencadear da Luta Armada de Libertação Nacional, a 25 de Setembro de 1964, com o ataque, dirigido por Alberto Joaquim Chipande, ao Posto Administrativo de Chai, na província setentrional de Cabo Delgado, acompanhado de uma proclamação solene de desencadeamento da guerra. Os 250 guerrilheiros do início da guerra transformaram-se rapidamente em vários milhares, como comprovam fontes militares portuguesas referentes a 1967.
A guerra colonial / luta de libertação nacional acabou em 1974, altura do golpe do 25 de Abril em Portugal, que abriu um período de transição e culminou na independência de Moçambique, a 25 de Junho de 1975.
Achamos importante começar por lembrar o contexto histórico que conduziu a esse período tão conturbado, para os povos português e moçambicano.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial e a aprovação da Carta das Nações Unidas, as várias potências coloniais europeias encetaram, de forma mais ou menos pacífica, a via da negociação e da transferência de poderes – foi o início do processo de descolonização.
Em Portugal, o Estado Novo de Salazar viu-se obrigado a rever a sua política colonial, o que resultou num conjunto de reformas que acabaram por não ter grande impacto em Moçambique. Na prática, visavam, sobretudo, atenuar as pressões internacionais e calar as vozes que, tanto em Portugal como em Moçambique (e outras colónias), exigiam uma solução para a questão colonial. Salazar, apesar das várias pressões, conseguiu manter uma política isolacionista, profundamente centralizadora e integracionista.
Por toda a África crescia, desde o início da década de cinquenta, o clima anti-colonial. Em Moçambique e outros países africanos, assim como em Portugal e França, formaram-se várias associações de moçambicanos, geralmente ao redor dos mais escolarizados, que exerciam uma grande influência sobre a juventude e grupos socioprofissionais. Da congregação dessas associações surgiu a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), fundada em 25 de Junho de 1962 sob a presidência de Eduardo Mondlane.
A 25 de Setembro de 1962 realizou-se o I Congresso da FRELIMO, que estabeleceu a unidade política e defendeu o princípio da luta armada como a única via possível para alcançar a independência (tentativas anteriores, com base no diálogo, haviam falhado).
Seguiu-se um período de preparação para o desencadear da luta, que incidiu em quatro vertentes - educação, divulgação, diplomacia e preparação político-militar.
Com vista à educação dos quadros, em 1963 foi criado, em Dar-es-Salaam, o Instituto Moçambicano (escola secundária) para acolher os jovens que aí chegavam, muitos deles em fugas organizadas pelo NESAM (Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique). Outros foram colocados no exterior com bolsas de estudo.
Para a divulgação dos objectivos da Frente, foram criados centros no Cairo, Argel e Lusaka. Ainda em 1963, a FRELIMO criou em Dar-es-Salaam o Boletim Informativo (mudou o nome para Boletim Nacional, em Outubro de 1964, e para Voz da Revolução, em Junho de 1965).
A nível da diplomacia, Eduardo Mondlane visitou a União Soviética e a China, ainda em 1963.
Por fim, quanto à preparação político-militar, em Janeiro desse preenchido ano, seguiu para a Argélia o primeiro contingente de moçambicanos, recrutados, sobretudo, nas plantações de sisal da Tanzânia. Este grupo, constituído por 50 homens, foi chefiado por Filipe Samuel Magaia. Em meados desse mesmo ano, seguiu um segundo grupo, oriundo do interior, chefiado por Samora Machel. Em Maio de 1963, foram enviados pequenos grupos para a URSS e China, com vista a receberem formação militar. Com o regresso do primeiro grupo, em finais de 1963, foram criados campos de treino na Tanzânia.
Esta intensa preparação político militar levou ao desencadear da Luta Armada de Libertação Nacional, a 25 de Setembro de 1964, com o ataque, dirigido por Alberto Joaquim Chipande, ao Posto Administrativo de Chai, na província setentrional de Cabo Delgado, acompanhado de uma proclamação solene de desencadeamento da guerra. Os 250 guerrilheiros do início da guerra transformaram-se rapidamente em vários milhares, como comprovam fontes militares portuguesas referentes a 1967.
A guerra colonial / luta de libertação nacional acabou em 1974, altura do golpe do 25 de Abril em Portugal, que abriu um período de transição e culminou na independência de Moçambique, a 25 de Junho de 1975.
O Grupo Disciplinar de História
Sem comentários:
Enviar um comentário