sábado, 22 de setembro de 2007

Moçambique e o 25 de Setembro de 1964, dia do início da Luta Armada de Libertação


No dia 28 de Maio de 1926, teve lugar um golpe militar que terminou com a 1ª República, implantada a 5 de Outubro de 1910.
Este facto punha fim a um Regime que, ao longo de década e meia, mostrara sinais progressistas cujas repercussões se fizeram sentir, mesmo que timidamente, nas colónias. Em seu lugar, Portugal adoptou, em 1933, o Estado Novo, antecedido da Ditadura Militar, que vigorara após o golpe.
Sob a direcção de Salazar, o Governo passou a decretar a maioria das leis, sendo assim o órgão de soberania com mais poderes.
Segundo os defensores do Regime, o Estado Novo deveria ser forte e autoritário para se defender dos que fossem contra a sua política, os “inimigos da Nação”.
Perante a “dureza” do regime que se manifestava, entre outros aspectos, na ditadura, censura prévia e corporativismo, emergiram, em diferentes pontos de Portugal (Marinha Grande, Lisboa, Setúbal, Silves e Olhão) contestações ao Regime. O Movimento de Unidade Democrática (MUD), formado em 1945, para unir as diferentes organizações políticas que se opunham ao Regime, integrou-se neste senda contestária.
A estes clamores de liberdade, o Regime respondia com repressão, com assassinatos, com recusa ao diálogo. O assassinato do general Humberto Delgado constitui um dos exemplos desta arrogância do Regime.
Foi face a esta mesma recusa de diálogo que Moçambique viu como última alternativa o recurso à Luta Armada.
A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), fundada em 25 de Junho de 1962, sob a presidência de Eduardo Mondlane, adoptou como estratégia para a luta a unidade das forças nacionalistas.
Durante dois anos, verificou-se uma intensa preparação político-militar das forças da FRELIMO no exterior e a Luta Armada teve o seu início simbólico em 25 de Setembro de 1964, com o ataque ao posto administrativo de Chai, na província de Cabo Delgado, acompanhado de uma proclamação solene do desencadeamento da guerra.
Alberto Joaquim Chipande, que dirigiu o início da luta, apresenta o plano de ataque da seguinte forma:
“Os guerrilheiros vão todos descalços para evitar o barulho que as botas normalmente fazem. Um guerrilheiro, vestido à civil e com uma ligadura no pé (para disfarçar, parecendo que estava doente), dirige-se à vila de Chai para fazer o reconhecimento das posições da segurança do posto e da casa do chefe do posto.
O plano de ataque ficou definido – uma metralhadora iria neutralizar os guardas da secretaria; o ataque seria contra a casa onde estavam o chefe do posto e os oficiais; foi definida a posição de cada guerrilheiro. Começaram por ficar (todos camuflados) debaixo de mangueiras.
16.00horas – os combatentes saem para terreno aberto.
18.00horas – tomam posições, visando o posto administrativo.
19.00horas – avançam até um local onde a casa do chefe do posto já ficava ao alcance das armas. Um guarda português sai de casa e senta-se numa cadeira à frente da casa.
21.00horas - Chipande dispara o tiro como sinal para os restantes atacarem. Atinge o soldado que está sentado.
O chefe de posto ouve os tiros, sai de casa, é morto. Os soldados portugueses guerrilheiros retiram-se.
Em simultâneo com esta acção em Chai, outros guerrilheiros realizaram outras junto ao lago Niassa. Dava-se, assim, início ao desencadeamento da Luta Armada. Estas acções foram acompanhadas por uma proclamação escrita que foi difundida por vários órgãos de informação da FRELIMO”
Os anos que se seguiram foram marcados por uma guerra geradora de consequências desastrosas, quer para famílias moçambicanas, quer para famílias portuguesas. Assim, vítimas do mesmo sistema, os dois povos batiam-se com denodo e lado a lado em busca da liberdade.
A Revolução de 25 de Abril de 1974 e a consequente queda do Regime contribuíram, em grande medida, para o advento dos entendimentos de 7 de Setembro de 1974, em Lusaka, Zâmbia. Com este feito abria-se uma nova página nas relações entre os dois Povos.

Bem hajam os Homens de 5 de Outubro de 1910!

Bem hajam os Homens de 25 de Setembro de 1964!

Bem hajam os Homens de 25 de Abril de 1974!

Bem hajam os Homens amantes da Paz, Liberdade e Progresso!

O Grupo de História

4 comentários:

Anónimo disse...

foram os melhor erois que libertarao mocambique

Fernanda Queirós disse...

Com todo o respeito, gostaria de comentar a seguinte frase do texto que não corresponde à verdade histórica:
"Assim, vítimas do mesmo sistema, os dois povos batiam-se com denodo e lado a lado em busca da liberdade."
1º não eram os povos que se batiam, era o regime da elite portuguesa, de então, que fez uma guerra para se manter colonizador do que chamava "Província de Moçambique";
2º o combate não era com denodo lado a lado, o combate era entre as forças armadas portuguesas (exército, força aérea e marinha) com armamento pesado (sobretudo no período de Kaúlza de Arriaga)contra guerrilheiros que lutavam, com a colaboração das populações, contra o inimigo português;
3º a busca da liberdade era o objectivo dos combatentes da FRELIMO (pelo seu povo); as tropas portuguesas lutavam em nome do poder colonial, e não para atingir a liberdade.
Pela liberdade, contra a ditadura lutaram também alguns portugueses, mas não no cenário da guerra nas ex-colónias. É verdade que alguns militares portugueses se rebelaram no campo de batalha, mas isso é outra análise.
Seria útil, caros colegas, que se actualizasse a informação.
Um abraço e ao dispor,
Fernanda Queirós

Unknown disse...

Foi muito triste isso

Unknown disse...

Foi muito triste isso